terça-feira, 19 de maio de 2015

Questões de vestibular

1) (Cescem) - O Arcadismo, didaticamente, inicia-se, no Brasil, em 1768: 

a) com a fundação de Arcádia de Lusitana.
b) com a publicação de poemas de Cláudio Manuel da Costa (em Lisboa) e pela fundação da Arcádia Ulissiponense.
c) com a publicação dos poemas de Cláudio Manuel da Costa (em Lisboa) e pela fundação da Arcádia Ultramarina.
d) pela vinda da família real para o Brasil.
e) nenhuma das anteriores.

2) (UFSC) - Considere as afirmativas sobre Barroco e o Arcadismo:

1. Simplificação da língua literária – ordem direta – imitação dos antigos gregos e romanos. 
2. Valorização dos sentidos – imaginação exaltada – emprego dos vocábulos raros. 
3. Vida campestre idealizada como verdadeiro estado de poesia-clareza-harmonia. 
4. Emprego freqüente de trocadilhos e de perífrases – malabarismos verbais – oratória. 
5. Sugestões de luz, cor e som – antítese entre a vida e a morte – espírito cristão anti-terreno.
Assinale a opção que só contém afirmativas sobre o Arcadismo: 

a) 1, 4 e 5 
b) 2, 3 e 5 
c) 2, 4 e 5 
d) 1 e 3 
e) 1, 2 e 5

3) (Mackenzie) - Apontar a alternativa correta: 

a) Tomás Antônio Gonzaga cultivou a poesia satírica em O Desertor. 
b) Na obra Cartas Chilenas, temos uma sátira contra a administração de Luís da Cunha Menezes. 
c) Nessa obra o autor se disfarça sob o nome de “Doroteu” 
d) Para maior disfarce, o autor de Cartas Chilenas faz passar a ação na cidade do Rio de Janeiro. 
e) Tomás Antônio Gonzaga tinha o pseudônimo de “Doroteu”.

4) (Cescea) - “A poesia parece fenômeno mais vivo e autêntico (...) por ter brotado de experiências humanas palpitantes”. (Ele) “é dos raros poetas brasileiros, certamente o único entre os árcades, cuja vida amorosa importa para a compreensão da obra.”
“O lírico ouvidor soltava os seus amores em liras apaixonadas, que tinham, naquele ambiente de Vila Rica, um sabor novo e raro.”
Assim a crítica literária tem-se manifestado sobre o poeta: 

a) Cláudio Manuel da Costa 
b) Tomás Antônio Gonzaga c) Alvarenga Peixoto 
d) Gonçalves de Magalhães 
e) Basílio da Gama

5)  (PUC) - Relacione as colunas:

1.Glauceste Satúrnio 
2.Alcindo Palmirendo 
3.Dirceu 
4.Termindo Sipílio 
5.Lereno

( ) Tomás Antônio Gonzaga 
( ) Cláudio Manuel da Costa 
( ) Basílio da Gama 
( ) Caldas Barbosa 
( ) Silva Alvarenga 

a) 3, 1, 5, 2, 4 
b) 3, 1, 4, 5, 2 
c) 1, 2, 3, 4, 5 
d) 3, 2, 4, 1, 5 
e) 3, 1, 4, 2, 5

6) (FFSC) - Os autores árcades brasileiros apresentam uma obra divorciada das necessidades brasileiras, na segunda metade do século XVIII. Como processo de defesa à liderança do público, tais letrados criam: 

a) poemas de profundo subjetivismo; 
b) os contos regionais de mineração; 
c) a dialética; 
d) as academias; 
e) a literatura romântica.

7) (UNICAMP) Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo Reis refletem, de maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma "filosofia de vida". Leia-os com atenção:

LIRA 14 (Parte I)

Minha bela Marília, tudo passa;
a sorte deste mundo é mal segura;
se vem depois dos males a ventura,
vem depois dos prazeres a desgraça.
....................................................................
Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
e pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
(TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA," Marília de Dirceu")

Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa -
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
(RICARDO REIS, "Odes")

a) Em que consiste a "filosofia de vida" que a passagem do tempo sugere ao eu lírico do poema de Tomás Antônio Gonzaga?
b) Ricardo Reis associa a passagem do tempo às estações do ano. Que sentido é dado, em seu poema, ao outono?
c) Os dois poetas valorizam o momento presente, embora o façam de maneira diferente. Em que consiste essa diferença?

8) (ITA) As opções a seguir referem-se aos textos A, B, C e D.

Texto "A" ( )
"Ah! enquanto os destinos impiedosos
não voltam contra nós a face irada,
façamos, sim, façamos, doce amada,
os nossos breves dias mais ditosos."

Texto "B" ( )
"Ó não aguardes, que a madura idade
te converte essa flor, essa beleza,
em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada",

Texto "C" ( )
"Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime e a voluntária morte".

Texto "D" ( )
"O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte faz o todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo.

Preencha os parênteses anteriores dos textos dados, obedecendo à seguinte convenção:

I) Gregório de Matos
II) Tomás Antônio Gonzaga
III) Basílio da Gama
IV) Cláudio Manuel da Costa

Preenchidos os parênteses, a seqüência correta é:

a) II - I - III - I
b) IV - I - II - II
c) I - II - II - I
d) I - IV - III - I
e) II - IV - III - IV

9) (UEL) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas do trecho apresentado.

Simplificando a linguagem lírica de Cláudio Manuel da Costa, mas evitando igualmente a diluição dos valores poéticos no sentimentalismo, as ...... mais densas, dedicadas a ......, fizeram de ...... uma figura central do nosso Arcadismo.

a) crônicas - Marília - Dirceu
b) crônicas - Gonzaga - Dirceu
c) sátiras - Dirceu - Gonzaga
d) liras - Gonzaga - Dirceu
e) liras - Marília - Gonzaga

10) (UNESP) Leia atentamente o texto a seguir e assinale a alternativa INCORRETA.

Não permitiu o Céu que alguns influxos, que devi às águas do Mondego, se prosperassem por muito tempo; e destinado a buscar a Pátria, que por espaço de cinco anos havia deixado, aqui, entre a grosseria dos seus gênios, que menos pudera eu fazer que entregar-me ao ócio, e sepultar-me na ignorância! Que menos, do que abandonar as fingidas Ninfas destes rios, e no centro deles adorar a preciosidade daqueles metais, que têm atraído a este clima os corações de toda a Europa! Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia dos versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros, primeiro que arrebate as idéias de um Poeta, deixa ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que lhes tem pervertido as cores."
(COSTA, Cláudio M. da. Fragmento do "Prólogo ao Leitor". In: CÂNDIDO, A. & CASTELLO, J. A. PRESENÇA DA LITERATURA BRASILEIRA, vol. I, S. Paulo, Difusão Européia do Livro, 1971, p. 138)

a) o poeta estabelece uma conexão entre as diferenças ambientais e o seu reflexo na produção literária.
b) Cláudio Manuel da Costa manifesta, no texto, a sua formação intelectual européia, mas que deseja exprimir a realidade tosca de seu país.
c) Depreende-se do texto uma forma de conflito entre o Academicismo Árcade europeu e a realidade brasileira que passaria a ser a nova matéria-prima do poeta.
d) Apesar dos índices do Arcadismo presentes no texto, há um questionamento do contexto sobre a validade de adotar esse modelo literário no Brasil.
e) O poeta sofre mediante o fato de não mais poder, na Europa, contemplar as praias da Arcádia de onde retirava suas inspirações poéticas.



Gabarito
1) C    2) D   3) B    4) B   5) B   6) D   7) a) Carpe diem, aproveitar o presente. b) O declínio da vida.
c) Em Gonzaga a vida está em sua plenitude, enquanto em Reis ela parte para o fim.
8) A    9) E   10) E


segunda-feira, 11 de maio de 2015

O arcadismo no Brasil

No Brasil, vive-se o momento histórico da decadência do ciclo da mineração e da transferência do centro político do Nordeste (Salvador, na Bahia) para o Rio de Janeiro.
Aqui o marco inaugural do arcadismo deu-se em 1768 com a fundação da “Arcádia Ultramarina”, em Vila Rica, e a publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa. Embora não chegue a constituir um grupo nos moldes das arcádias europeias, constituem a primeira geração literária brasileira.
Nesta colônia portuguesa, as ideias iluministas vieram ao encontro dos sentimentos e anseios nativistas, com maior repercussão em Vila Rica, centro econômico mais importante à época, em função da mineração. A figura do “bom selvagem” de Rousseau dará origem, na colônia, ao chamado Nativismo. O acontecimento político mais importante será a Inconfidência Mineira, tentativa mal-sucedida de libertar a província das Minas Gerais do domínio colonial português. A politização do movimento apresentou-se através dos poetas árcades brasileiros, participantes da Conjuração.
A chamada "Escola Setecentista" desenvolve-se até 1808 com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, que com suas medidas político-administrativas, permitiu a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.
Entre as características do movimento no Brasil, destacam-se a introdução de paisagens tropicais, como em Caramuru, valorização da história colonial, o início do nacionalismoe da luta pela independência e a colocação da colônia como centro das atenções.

Autores

Características do arcadismo

O arcadismo constitui-se numa forma de literatura mais simples, opondo-se aos exageros e rebuscamentos do Barroco, expresso através de expressões em latim. São temas simples e comuns aos seres humanos, como o amor, a morte, o casamento, a solidão. As situações mais frequentes apresentam um pastor abandonado pela amada, triste e queixoso. É a "aurea mediocritas" ("mediocridade áurea"), que simboliza a valorização das coisas cotidianas, focalizadas pela razão.
Os autores retornam aos modelos clássicos da Antiguidade greco-latina e aos renascentistas, razão pela qual o movimento é também conhecido como neoclássico. Os seus autores acreditavam que a Arte era uma cópia da natureza, refletida através da tradição clássica. Por isso a presença da mitologia pagã, além do recurso a frases latinas.
Inspirados na frase do escritor latino Horácio "fugere urbem" ("fugir da cidade"), e imbuídos da teoria do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau, os autores árcades voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do "locus amoenus", do refúgio ameno em oposição aos centros urbanos dominados pelo Antigo Regime, pelo absolutismo monárquico.
Cumpre salientar que essa busca configurava apenas um estado de espírito, uma posição política e ideológica, uma vez que esses autores viviam nos centros urbanos e, burgueses que eram, ali mantinham os seus interesses econômicos. Por isso justifica falar-se em "fingimento poético" no arcadismo fato que transparece no uso dos pseudônimos pastoris.
Além disso, diante da efemeridade da vida, defendem o "carpe diem", pelo qual o pastor, ciente da brevidade do tempo, convida a sua pastora a gozar o momento presente.
Quanto à forma, usavam muitas vezes sonetos com versos decassílabos, rima optativa e a tradição da poesia épica.
Outras características importantes são:
·         valorização da vida no campo (bucolismo)
·         Fugere urbem (critica a vida nos centros urbanos)
·         objetividade
·         idealização da mulher amada
·         inutilia truncat (cortar o inútil)
·         locus amoenus (lugar ameno)
·         convencionalismo amoroso
·         aurea mediocritas (mediocridade áurea ou ouro medíocre)
·         linguagem simples
·         uso de pseudônimos com frequência

·         pastoralismo

Arcadismo



arcadismo é uma escola literária que surgiu na Europa no século XVIII, também denominada de setecentismo ou neoclassicismo. O nome "arcadismo" é uma referência àArcádia, região campestre do Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal de inspiração poética.
A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo o que lhe diz respeito. Por essa razão muitos poetas do arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos. Caracteriza-se ainda pelo recurso a esquemas rítmicos mais graciosos.
Numa perspectiva mais ampla, expressa a crítica da burguesia aos abusos da nobreza e do clero praticados no Antigo Regime.
Adicionalmente os burgueses cultuam o mito do homem natural em oposição ao homem corrompido pela sociedade, conceito originalmente expresso por Jean-Jacques Rousseau, na figura do “bom selvagem”.